quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Lourival dos Santos um dos maiores compositores de "pagode" e também da nossa música sertaneja

Lourival dos Santos nasceu em Guaratinguetá em 11 de agosto de 1917 e faleceu em Guarulhos, SP, em 19 de maio de 1997. Como aconteceu com os demais compositores ilustres da música sertaneja, a sua morte não ganhou espaço algum na imprensa, apesar de suas mais de 1.000 músicas já gravadas. Nascido no interior de São Paulo, como já falamos, Lourival dos Santos faz curiosas revelações: "Morando ali, quase dentro do Rio Paraíba, nunca tive qualquer inspiração. O que fez escrever "Rio de Lágrimas" foi uma música de Isaurinha Garcia, "Marrequinha da Lagoa". Eu estava aqui em São Paulo, aliás, sempre produzi em São Paulo. Talvez seja porque aqui a gente fica sentindo saudade do interior e aí a criação aparece. A saudade é a principal fonte de inspiração”. Ele sempre viveu de suas composições. "Não deu para ficar rico, mas, relativamente, vivo bem, com minha mulher Jandira, com quem me casei em 1950, depois de seis meses de namoro. Por sinal, a história de como ele a conheceu é outra das curiosidades da vida de Lourival dos Santos. "Eu era comprador de uma casa de espetáculo e liguei para uma lavanderia para reclamar de toalhas que não haviam chegado. Mas errei o número e tocou na casa dela. Foi o engano mais certeiro do mundo". Jandira é irmã do dramaturgo Oduvaldo Vianna, que implantou as novelas no Rádio brasileiro. Assim, Lourival, que compõe desde a infância e teve sua primeira música gravada em 1938, pela Columbia, teve a oportunidade de ter suas músicas, cantadas por Lambarí e Laranjinha, nos intervalos das novelas, na antiga Rádio São Paulo. Porém a sua glória como compositor viria bem mais tarde, com a dupla Jacó e Jacozinho , gravando seus primeiros pagodes e regravados por Tião Carreiro e Pardinho, e surgiu o sucesso "Pagode em Brasília" . Nesse mesmo ritmo, vieram a seguir "Nove Nove, Em Tempo de Avanço, A Viola e o Violeiro, Boiadeiro de Palavra" e várias outras composições imortais. Criadores do Pagode - "Tedy Vieira e Carreirinho tinham gravado um recortado intitulado "Pagode". A chibata era um ritmo já tocado e gravado, que faz o recortado da viola, somado a batida seca do violão de Pardinho, é verdade, mesmo. Aí, as festas que se fazia por aqui também começaram a ser chamadas de "pagode". Foi então que Tião Carreiro e eu resolvemos dar esse nome para um ritmo, em que a viola bate desencontrada do violão. Nesse estilo, a gente faz quatro versos, em que quase sempre o poeta vai sofrendo, e depois vem desenrolando, concluindo a história". Lourival dos Santos não cantava. Muitas vezes ele compunha letra e música, mas sempre entregava para Tião Carreiro "dar uma guaribada". Assim se estabeleceu a parceria. São vários os parceiros, entre os mais ilustres, o próprio Tião, Tedy Vieira e Piraci. "Passei a infância ouvindo a 1ª geração da música sertaneja: Cornélio Pires, Capitão Furtado, entre outros. Eles são o facão, a enxada e a foice que abriu a picada. Depois veio a 2ª geração, com Raul Torres, Serrinha, Tedy Vieira, Florêncio, Nhá Zefa, Lambarí e Laranjinha, Tonico e Tinoco, João Pacífico e Zé Fortuna. Minhas primeiras gravações foram com artistas dessa geração. Depois veio a 3ª, com Tião Carreiro e Pardinho, Vieira e Vieirinha, Lio e Leo, Lourenço e Lourival, Pedro Bento e Zé da Estrada. Também com eles eu gravei. Minhas composições fazem parte também da 4ª geração, que tem Irídio e Irineu e Gilberto e Gilmar, entre tantos outros." A música sertaneja não tinha segredos para Lourival dos Santos: "A gente compõe tanto cururu, quanto qualquer outro ritmo sertanejo. ". Cada uma das mais de 1.000 composições de Lourival dos Santos tem uma história. Algumas alegres, feitas durante uma folia em roda de amigos, outras tristes, como é o caso de "A vaca já vai pro brejo". É uma história verídica. Aconteceu com um grande amigo meu e um dos maiores nomes da música sertaneja. Ele fez tanto sacrifício para criar a filha! Tinha sangue do tipo universal e vendia para comprar cimento, areia e tijolos para construir a casinha que seria deixada para ela. A moça nunca trabalhou e estudou Medicina. No dia em que se formou, disse pro pai que ia embora de casa. Como ia poder apresentar para seus amigos médicos, o pai, compositor de música caipira? Ele ficou tão desgostoso que acabou morrendo". (Fonte: site da Secretaria de Cultura de Guaratinguetá).

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