segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Serviço Social São Judas completa jubileu de ouro


Escrito por Diarioweb


Para oferecer um futuro melhor para crianças e adolescentes carentes, desprotegidos e sem grandes perspectivas, moradores em Rio Preto, padre Ângelo Dell’Oro, que havia chegado recentemente da Itália, inicia oficialmente, em 28 de outubro de 1962, a primeira atividade social à frente da capela São Judas Tadeu. 
Missionário da Ordem Comboniana, ele começa a ministrar um curso de pintura em gesso para 11 meninos, à sombra de eucaliptos nos fundos da capelinha. 
A iniciativa, sem qualquer viés político, é a pedra fundamental do projeto que pretende ocupar garotos que vagam principalmente pelas ruas do Morro Pelado.Logo que desembarca na cidade, padre Ângelo se sensibilizou com a falta de ações para amparar, ocupar e preparar a juventude. Com essa nobre proposta, decide agir por conta própria, apesar de não contar com infraestrutura ou dinheiro para investir em cursos ou projetos. 
Ele quer evitar que os pequenos rio-pretenses, que têm compromisso apenas no horário escolar, sejam atraídos pelo tráfico de drogas, pela mendicância, prostituição e deliquência de toda sorte.O curso de pintura visa a oferecer muito mais que a oportunidade de aprender um ofício, que pode ser útil mais tarde no mercado de trabalho. Com os jovens próximos, o padre acredita que terá mais facilidade para educar, mostrar o caminho correto e preparar a criançada para a vida adulta. 
Inclusive, ele vai até as casas de adolescentes carentes para explicar o projeto a pais ou responsáveis e chamá-los para participar do curso. 
Nem sempre, no entanto, há facilidade para apresentar suas ideias, consideradas avançadas por alguns.Na residência de Daniel Firmino, 12 anos, o padre tem que explicar exatamente qual era a proposta. A avó do garoto, a dona de casa Florença Maria de Jesus, conhecida nas redondezas como Maria Mulata, é evangélica e imagina que o objetivo do convite é somente levar o menino para a vida católica. 
Após uma longa conversa, a dona de casa, responsável pela criação de oito netos, entende a proposta e autoriza a participação de Firmino no curso. 
O garoto vibra com a possibilidade de aprender a pintar. Apesar da pouca idade, seu talento para o desenho já é reconhecido na escola.A primeira proposta do curso é oferecer aos garotos a oportunidade de conhecer o universo da pintura em gesso, com a produção de imagens sacras. A técnica é trazida por padre Ângelo da Itália. 
Não estão definidos ainda exatamente os dias em que as aulas serão ministradas. Para oficializar o trabalho social que será realizado em Rio Preto, os religiosos combonianos se reunem para criar, em assembleia, uma sociedade de caráter religioso, educativo e beneficente. A sociedade é batizada como Instituto Comboniano São Judas Tadeu. A assembleia é aberta e presidida por padre Guido Picolli, diretor-geral da Sociedade Comboniana de Assistência, em São Paulo, e conta com a participação dos padres Ângelo Dell’Oro e Rino Carlesi. E dos Irmãos João Caliari e Jorge Fernandes de Souza. 
É criada, neste momento, a primeira diretoria do instituto. Padre Ângelo é eleito, por unanimidade, o primeiro diretor do Instituto. O Irmão João Caliari acaba nomeado secretário. Já o Irmão Jorge Souza é o tesoureiro da entidade. Com a oficialização da proposta, a expectativa do padre é que a população passe a apoiar a iniciativa, assim como o Poder Público. 
Começa a saga do barbudo e inquieto Ángelo Dell´Oro e a bela história do Serviço Social São Judas Tadeu, a maior obra social da Diocese de Rio Preto. 
O santo do São Judas 
1962 - O missionário comboniano, Padre Ângelo Dell’Oro, nascido em Lecco, Itália, vem para Rio Preto, reúne meninos para ser evangelizados e aprender um ofício. Era diante da singela estampa de Jesus adolescente que eles rezavam.Os meninos faziam figuras de presépio, sentados na terra, sem mesas de apoio e equipamentos próprios. As mãozinhas iam formando Jesus, Maria, José, ovelinhas, pastores, anjos, boizinho, jumento, enquanto padre Angelo falava de Deus.
A bicicleta ainda existe, está no museu do São Judas e atualmente exposta no Riopreto Shopping na mostra fotográfica e histórica da instituição. 
O padre conseguiu caminhãozinho, colou a placa Tudo Serve e percorria célere os bairros em busca de vidro, papelão, papel, madeira, tudo que pudesse ser reciclado. Ele foi o pioneiro da bandeira ecológica em Rio Preto. 
Os meninos foram crescendo, o Serviço Social São Judas Tadeu aumentando em prédios, alunos, voluntários e oficinas. Em 1976, padre Angelo volta à Itália, missão cumprida. Em seu lugar, fica o missionário Bonomi Ludovico. Em sua última visita, tempos depois, traz verba de um benemérito europeu para comprar computadores para as oficinas de informática. Em 2008, aos 97 anos, morre padre Ângelo, o santo do São Judas. 
De olho no futuro


A pioneira obra social do Instituto Comboniano São Judas Tadeu completa hoje 50 anos de atividade ininterrupta, com um saldo para lá de positivo. No período, 15 mil crianças e adolescentes rio-pretenses foram acolhidos, atendidos e preparados para o mercado de trabalho e a vida adulta, com cursos recreativos, culturais e profissionalizantes. Agora, a instituição mira o olhar para o futuro. 
Para manter a excelência no trato com a juventude, se atualizar às demandas atuais e melhorar cada vez mais o serviço, há vários projetos para os próximos anos. O principal: assumir a administração de um prédio vizinho à obra, que pertence aos Missionários da Ordem Comboniana. Com mais espaço, será possível aumentar a oferta de cursos e a capacidade de atendimento, de 350 para 500 jovens.
O padre e administrador da instituição, Luiz Donizeti Caputo, está no comando desde 2003, quando a obra foi encampada pela Diocese. Ele explica que no primeiro momento, o trabalho está focado em melhorar a infraestrutura para garantir conforto aos educandos. Os banheiros já recebem reformas. 
O próximo alvo é o telhado, que será substituído. O prédio da gráfica também vai receber atenção. Os maquinários atuais do setor serão substituídos por outros modernos. “O jubileu de ouro representa um recomeço. Temos muitos sonhos para realizar e, assim, continuar o trabalho tão importante. As ações visam a oferecer bom atendimento ao jovem. Essa é sempre a nossa principal meta”, afirma Caputo. 
O novo bispo de Rio Preto, Dom Tomé Ferreira da Silva, fez questão de comentar a data. “Associo-me aos membros do Serviço Social São Judas na celebração de seus fecundos 50 anos de existência.” Ele tem posse marcada para 16 de novembro, em missa na Sé Catedral São José. A obra social atende crianças e adolescentes, de 11 a 17 anos e 11 meses. A maioria é carente, em situação de extrema pobreza. A família, geralmente numerosa, não ganha mais que três salários mínimos. 
Assim, vivem em situação de vulnerabilidade, sem grandes perspectivas para o futuro. Todo ano, a instituição recebe, em média, cem novos integrantes de todas as regiões da cidade. Alguns alunos, relata o padre, não têm o que comer ou se alimentam mal em casa. Na instituição, essa lacuna, que faz toda a diferença, é trabalhada. Eles almoçam ou jantam e recebem lanches reforçados. A alimentação consome todo mês 550 quilos de arroz, 154 de feijão, 40 de macarrão, 20 de sal e 100 de açúcar, além de 630 litros de leite e 5,5 mil pães. 
Até os 14 anos, o jovem tem acesso a cursos como pintura em madeira e tela, bordado e crochê, bijuteria, reciclagem, artesanato, esporte, violão e informática. Após essa idade, pode ingressar no ensino profissionalizante. Entre outros ofícios, aprende a trabalhar como marceneiro, serralheiro, eletricista, pintor em tecidos e manutenção de computadores. 
Os alunos permanecem no São Judas quatro horas por dia, sempre no horário inverso ao da aula formal. Além da alimentação, recebem de graça transporte público e plano de saúde da Unimed. A manutenção do serviço custa R$ 118 mil por mês. O valor é obtido com parcerias com a Prefeitura, que repassa R$ 47 mil por mês, lojas de usados da entidade, programa de reciclagem, festas e doações mensais. “Muitos chegam aqui carentes de amor, carinho e até de alimentos. A autoestima é baixa. Mas, aos poucos, vão se transformando. Os educadores sociais, muitas vezes, fazem o papel de pai, mãe e amigo”, diz o padre Caputo. 
Dia de São Judas Tadeu 
Neste domingo é dia de São Judas Tadeu, o santo das causas desesperadas. Em Rio Preto, a data foi comemorada com quatro missas no Santuário dedicado ao santo, no Roseiral. Também hoje ocorre o encerramento da 50ª Festa de São Judas Tadeu, que começou na sexta-feira e tem entrada franca. As missas serão celebradas no santuário às 7h, 9h, 11h30 e 15h. Às 18h, tem início a procissão, com saída do Hospital Austa, e missa solene, na praça em frente ao templo. São esperadas centenas de fiéis para agradecer graças alcançadas e fazer novos pedidos. 
A festa é realizada em homenagem ao santo e também faz parte às comemorações de 50 anos da entidade. O dinheiro obtido no evento será revertido ao projeto social da entidade, que atende a 350 jovens. 
O público tem a oportunidade de experimentar iguarias como porções de polenta, batata e frango frito, torresmo com mandioca, crepes, frango assado, cachorro-quente, churrasco, pastel, pizza e doces. 
Neste ano, as novidades são as barracas do suco e das delícias do milho, com pamonha, curau e bolo. Os preços das comidas variam de R$ 2,50 (sorvete) a R$ 17 (frango frito). O estacionamento da instituição, com 160 vagas, é de graça. A festa começa às 19h30, na rua José Bonifácio, 1.598, Jardim Roseiral.



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