domingo, 15 de setembro de 2013

ADDE e a mensagem Bem-aventurados os Aflitos



Bem-aventurados os Aflitos

As bem-aventuranças que se podem ler nos Evangelhos, analisadas fora do contexto reencarnacionista, servem, na melhor hipótese, apenas para que os pobres, os doentes e os injustiçados se conformem.
Excluída a teoria materialista, segundo a qual a vida e a inteligência são frutos da organização momentânea da matéria, nada se esperando além da morte, as teorias espiritualistas de uma única existência não respondem a perguntas como estas: Por que uns sofrem mais do que os outros? Por que nascem uns em ambiente de extrema miséria sem oportunidade de uma vida digna e outros nascem na riqueza com todas as oportunidades nas mãos? Por que uns se esforçam e nada conseguem, ao passo que para outros tudo sorri? E principalmente: Por que sofrem criancinhas?
A fé numa vida futura sem a ideia da reencarnação, pode até infundir paciência ao sofredor, mas “desmente a justiça de Deus” para usar a expressão do próprio Kardec. Sendo Ele bom e justo, o sofrimento tem que ter uma causa justa, forjada nesta mesma existência ou em existências anteriores.
Quanto às faltas desta existência, a lei humana pune algumas, mas não todas. Ela incide principalmente sobre as que trazem prejuízo à Sociedade e não ao próprio indivíduo que a pratica. E há ainda os crimes ocultos e as criminosas omissões. Muitas vezes nós praticamos a delinquência, mas conseguimos escapar das punições humanas porque não houve provas suficientes, ou porque certas faltas não são previstas no código penal, ou porque a crueldade e a ingratidão foram praticadas dentro do lar, não havendo denúncia. Isso não ocorre com a justiça divina porque esta incide sobre todas as faltas.
Allan Kardec, no livro “O Céu e o Inferno” resume a questão do sofrimento humano numa única frase: “O sofrimento é inerente à imperfeição”. Toda imperfeição e toda falta que dela decorre, traz o seu próprio castigo nas suas consequências naturais e inevitáveis, como a doença decorre dos excessos, o tédio da ociosidade, sem que haja necessidade de uma condenação especial para cada falta e cada indivíduo. Quem, de boa vontade, corrige suas próprias imperfeições, poupa a si mesmo do sofrimento que decorre dessas imperfeições. “A cada um segundo as suas obras, tanto no céu como na terra” - Kardec.
Analisando a dor humana é preciso lembrar também aqueles sofrimentos que não denotam a existência de determinada falta. São as provas buscadas pelos espíritos para concluir sua depuração e ativar o progresso. Em doutrina espírita, uma expiação sempre serve de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação, embora ambas sejam atestado de uma relativa inferioridade.
Há ainda o sofrimento dos missionários, que sofrem pela incompreensão das criaturas a quem desejam ajudar.
De qualquer forma, o sofrimento que não provoca queixumes constitui já uma prova de forte resolução, o que é sinal de progresso moral.
Há espíritas ainda muito imaturos que esperam muito pela intervenção dos espíritos guardiães, pedindo-lhes a remoção do sofrimento. Para esses existe uma página de Emmanuel, comentando essa postura, na qual o mentor espiritual compara a atitude dos espíritos benfeitores diante no nosso sofrimento com a atitude de mães, pais, esposas e filhos que amam verdadeiramente aqui na Terra e são obrigados a bendizer instituições como o manicômio para que os filhos não passem da loucura à criminalidade confessa, ou o hospital onde será amputado um membro do ente querido a fim de que a moléstia não abrevie a sua existência; obrigados a concordar com o cárcere para que seus queridos não se aprofundem mais na delinquência ou a carregar os pais portadores de doenças infectocontagiosas para casas de isolamento a fim de que não se convertam em perigo para a comunidade. Todos eles continuam mentalmente ligados aos seres que mais amam, orando e trabalhando para que eles possam voltar ao seu convívio. Tal é a postura moral dos espíritos guardiães que não podem afastar nosso sofrimento, quando esse é o nosso remédio justo.
A todos nós que sofremos fica a comparação de Emmanuel: Nos dias cinzentos, frios, chuvosos, com o céu carregado de nuvens escuras e ameaçadoras, raramente nos lembramos de que, acima de todas as nuvens, paira e brilha o Sol. Do mesmo modo, o amor divino brilha e paira sobre todas as dificuldades. Ao invés de revolta e desalento, ofereçamos paz ao companheiro que chora, para que o bem prevaleça sobre todo o mal.
Bibliografia:
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo
XAVIER, F. C., Emmanuel - Livro da Esperança
KARDEC, Allan - O Céu e o Inferno
XAVIER, F. C., Emmanuel - Justiça Divina]

Vera Gaetani
(Jornal Verdade e Luz Nº 192 Janeiro de 2002)


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formatação e pesquisa: MILTER- 15-09-2013

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