domingo, 21 de abril de 2013

Unesp de São Jose do Rio Preto disponibiliza no site dicionários de idiomas


Inédito por apresentar expressões idiomáticas (sequência de palavras com sentido figurado e cristalizada pela tradição cultural de uma comunidade linguística) do português e do francês e suas diferentes variantes, o Dicionário de Expressões Idiomáticas Português do Brasil e de Portugal – Francês da França, da Bélgica e do Canadá já pode ser acessado gratuitamente pelo site da Unesp de Rio Preto.
Essa obra, desenvolvida pela docente Claudia Xatara, do Departamento de Letras Modernas da instituição, é fruto de 23 anos de pesquisa. O assunto, que despertou a curiosidade da docente, lhe rendeu a dissertação de mestrado, a tese de doutorado, três pós-doutorados, além da publicação de livros e dicionários impressos e eletrônicos.
Para esse trabalho – financiado em parte pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) –, Claudia contou com a colaboração de pesquisadores da Unesp de Rio Preto e de outras Universidades nacionais e estrangeiras, como a  Universidade de Paris (França), a Universidade Livre de Bruxelas (Bélgica) e a Universidade de Laval (Canadá), responsáveis pela revisão dos verbetes quanto ao uso em seus países.
 “Nossa intenção com esse dicionário foi elaborar uma obra que testemunhe o uso dessas unidades fraseológicas, seja para a função de decodificação – quando o objetivo é traduzir –, seja para a de codificação – quando é necessário produzir um texto oral ou escrito”, comenta Claudia. “Além disso, seu acesso on-line favorecerá sua divulgação das expressos idiomáticas brasileiras junto à comunidade francófona e lusófona. Acreditamos, ainda, que pesquisas financiadas em universidades públicas, cujo resultado final seja uma obra para consulta prática e pontual, deva retornar à sociedade gratuitamente”.
De acordo com Claudia, o significado de uma expressão idiomática só existe no conjunto, não podendo ser extraído a partir das palavras que a compõem isoladamente. “Os usuários da língua acabam reconhecendo uma necessidade de falar de maneira mais pitoresca, mais criativa, de sair da denotação das palavras comuns e, por isso, recorrem a ela”, afirma. Um exemplo é a expressão “acabar em pizza”, no caso do Brasil.
Para Claudia, o uso e o conhecimento das expressões idiomáticas têm mais a ver com a idade de cada usuário do que com o nível de escolaridade. Ela explica que, mesmo na língua materna, para crianças, adolescentes e jovens até certa faixa etária, muitas delas são desconhecidas e causam estranheza. “O domínio dessas expressões idiomáticas acontece progressivamente, conforme elas vão sendo apresentadas ao indivíduo, o que pode variar dependendo da história de vida de cada um”, explica. “Como professora de língua estrangeira, percebi que esse mesmo processo acontece com meus alunos. Quanto menos tempo o aprendiz de um idioma tem de contato com essa língua, menos expressões ele vai conhecer e entender”.
Claudia conclui que tanto em língua materna quanto em estrangeira os idiomatismos são constantes desafios. Dessa maneira, o dicionário surge como um instrumento facilitador. “Percebi a dificuldade da aprendizagem e a abundância do emprego dessas expressões. A partir desse desequilíbrio, organizei o dicionário como elemento que pudesse unir tal deficiência e necessidade de expressão”, conta a professora.
Mais informações sobre o dicionário podem ser conferidas no link: http://www.deipf.ibilce.unesp.br/.

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